Alemanha apura acúmulo 'incomum' de malformações em bebês


Casos de recém-nascidos sem mãos na Alemanha causa alerta entre autoridades sanitárias. Médicos defendem criação de registro central no país, enquanto ministro da Saúde promete investigações, mas adverte contra pânico. Bebês com má-formação nasceram no mesmo hospital na Alemanha, em Gelsenkirchen Pixabay Após o nascimento de três bebês com malformações nos membros superiores em 12 semanas num hospital em Gelsenkirchen, no oeste da Alemanha, o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, prometeu esclarecer os casos, ao mesmo tempo alertando contra especulações e pânico. Por sua vez, a classe médica defende a criação de um registro nacional para nascimentos com malformações. "Há muitos anos não vemos malformações deste tipo. A ocorrência de vários casos agora pode ser um acúmulo aleatório – mas consideramos incomum ter sido num espaço de tempo tão curto", afirmou a clínica em nota. A luta pela vida de bebê com doença rara que recebeu doações de quase 1 em cada 10 belgas Morre menina de 10 anos que contraiu ameba que 'come' o cérebro As secretarias estaduais de Saúde de toda a Alemanha pretendem questionar os hospitais sob sua jurisdição se observaram defeitos congênitos semelhantes. Duas das crianças afetadas apresentam malformação na mão esquerda, a outra, na mão direita. Os médicos dizem não haver coincidências "étnicas, culturais ou sociais" entre as famílias afetadas que possam explicar as deformidades, elas apenas vivem na mesma região. "Especulações malucas" O ministro Spahn advertiu contra conclusões precipitadas: "Só tiraremos conclusões quando soubermos algo concreto. Trata-se de descobrir se existe realmente um acúmulo de tais malformações nos bebês", e para isso está sendo feito um levantamento em todo o país. O ministro rejeitou "especulações malucas" que leu, inclusive de que seria efeito de radiações de celulares. Também a classe médica adverte contra especulações. "Não se pode falar de um acúmulo enquanto não se souber quão alto é o número", observou Holger Stepan, do Departamento de Medicina Pré-Natal e Obstetrícia do Hospital Universitário de Leipzig. No entanto, ele considera compreensível que vários casos num curto período de tempo provoquem apreensão. Mario Rüdiger, chefe do Departamento de Neonatologia e Medicina Pediátrica Intensiva do Hospital Universitário de Dresden aconselha tratar o tema com cautela: "Há ocasionalmente situações em que uma doença rara não se manifesta por muito tempo e, de repente, várias crianças são afetadas consecutivamente". É preciso ficar alerta, mas não entrar em pânico. Também em Euskirchen, no oeste da Alemanha, recém-nascidos vieram ao mundo com malformações. "Sei de três casos de crianças que nasceram apenas com uma mão nos últimos meses", revelou o político democrata-cristão Detlef Seif ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger, apelando ao Ministério da Saúde para que crie um sistema de alerta precoce em todo o país para tais casos. "Bebês sem braços" na França Nos últimos anos, nasceu na França – especialmente nos departamentos de Ain, no leste, Loire-Atlantique, no oeste, e Morbihan, na Bretanha – um número acima da média de bebês com problemas nos membros superiores. No país, o fenômeno é conhecido como "bebês sem braços". Ainda se especula sobre as causas. Como muitas das famílias afetadas vivem perto de áreas rurais, suspeita-se que pesticidas tenham contaminado a água potável e sejam responsáveis pelas malformações. Os casos recordam os natimortos e bebês com membros deformados do escândalo da talidomida, nos anos 1960. As mães das crianças atingidas haviam tomado um calmante contra enjoos na gravidez fabricado à base dessa substância, conhecida na Alemanha pela marca Contergan.

Fonte: Globo.com
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