Laser pode ser a primeira opção no tratamento de glaucoma


Tecnologia permite que uso de colírios que controlam a doença seja adiado Na semana passada, o Rio de Janeiro sediou a 63ª. edição do Congresso Brasileiro de Oftalmologia. Um dos temas debatidos no evento foi a trabeculoplastia, um tipo de técnica com laser que pode retardar o uso de colírios para o controle da doença. Segundo artigo publicado na revista científica “The Lancet”, esse tipo de abordagem médica pode se tornar, dependendo do caso, a primeira opção no tratamento do glaucoma. Para entender melhor o assunto, conversei com o médico Cristiano Caixeta Umbelino, diretor do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e chefe do Departamento de Glaucoma da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. O especialista explica que a técnica existe desde a década de 1990, mas que agora sua evolução permite uma aplicação mais ampla: “é claro que é preciso avaliar o paciente, porque nem todos se beneficiam com o procedimento. No entanto, o percentual dos que respondem positivamente ao laser fica entre 60% e 70%”. A vantagem da trabeculoplastia é que a utilização de colírios pode ser adiada, ele acrescenta: “colírios não são substâncias inofensivas. Se prescrevo um colírio betabloqueador num paciente com asma, há riscos de efeitos colaterais”. O médico Cristiano Caixeta, diretor do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e chefe do departamento de glaucoma da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Divulgação O glaucoma é causado por uma alteração na pressão intraocular. O alvo do laser é a malha trabecular, que funciona como uma espécie de “ralo” por onde o líquido que é produzido diariamente dentro dos olhos é eliminado, equilibrando a pressão. Seu efeito pode durar de um a dois anos e, atualmente, em alguns casos pode ser repetido, buscando diminuir a utilização de colírios por mais tempo. Como o tratamento pode exigir mais de um colírio de uso contínuo, o que pesa no orçamento, a Sociedade Brasileira de Glaucoma propõe que o laser seja incorporado como política pública de saúde nos casos onde houver indicação, já que o procedimento é ambulatorial, isto é, não exige internação. Pesquisas mostram que a fidelidade ao tratamento é baixa, em parte porque os pacientes não apresentam sintomas claros. O glaucoma é o principal fator de cegueira irreversível no mundo e, no Brasil, há cerca de 1.2 milhão de casos. Na média mundial, 1.2% dos indivíduos apresenta a enfermidade, cuja incidência aumenta a partir dos 40 anos; depois dos 80, fica entre 6% e 7%. O maior problema é a demora no diagnóstico, afirma o doutor Caixeta: “além de não ter cura, essa é uma doença silenciosa e insidiosa. O paciente pode não notar sua progressão. Como a perda da visão ocorre da periferia para o centro, a pessoa continua enxergando bem em linha reta e não percebe que o campo periférico está sendo afetado”. O risco aumenta de sete a oito vezes quando se tem um parente de primeiro grau com o problema, por isso o exame periódico com médico oftalmologista é indispensável. “Glaucoma não tem cura, mas tem controle”, reforça o doutor Caixeta.

Fonte: Globo.com
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