A medalhista paralímpica que se submeteu a eutanásia aos 40 anos


Marieke Vervoort tinha uma doença muscular degenerativa incurável e, em 2008, assinou os documentos que davam permissão para que um médico encerrasse sua vida quando ela considerasse que era hora. Em foto de arquivo, Marieke Vervoort comemora medalha no pódio das Paralimpíadas, no Rio de Janeiro, em 2016 Jason Cairnduff/Reuters A medalhista paralímpica belga Marieke Vervoort deu fim à própria vida por meio de uma eutanásia aos 40 anos. Blog da Mariza Tavares: Precisamos falar sobre eutanásia Mal de Alzheimer: os pacientes que pedem eutanásia para morrer antes que a doença os domine Vervoort tinha uma doença muscular degenerativa incurável que lhe causava dores constantes, convulsões, paralisia nas pernas e a deixava quase incapaz de dormir. "Posso me sentir muito, muito mal. Sofro ataques epiléticos, choro e grito por causa da dor. Preciso de muitos analgésicos", disse ela em uma entrevista à BBC Radio 5 Live, em 2016. A eutanásia é legal na Bélgica. Em 2008, Vervoort assinou papéis que permitiam que um médico encerrasse sua vida quando ela achasse que era hora. A vida de um médico especialista em eutanásia: 'Não sinto que estou matando o paciente' Morre Vincent Lambert, francês que virou símbolo do debate sobre a eutanásia Um comunicado de sua cidade natal, Diest, disse que Vervoort "concretizou sua escolha na noite de terça-feira". 'Corrida era um medicamento' Vervoort ganhou ouro na corrida de cadeira de rodas T52 100m nos Jogos de Londres, em 2012, e prata na corrida de cadeira de rodas T52 200m. Na Paraolimpíada do Rio, em 2016, conquistou prata nos T51/52 400m e bronze nos T51/52 100m. "Muitas pessoas me perguntam como é possível obter resultados tão bons e continuar sorrindo com toda a dor e medicamentos que consomem seus músculos. Para mim, esportes e corridas com cadeira de rodas são um tipo de medicamento" – Marieke Vervoort Questionada sobre o fato de ter assinado documentos de eutanásia, depois da Paraolimpíada do Rio, ela disse à BBC: "Sei que quando chegar a hora, terei esses documentos". Eleanor Oldroyd, apresentadora da BBC Radio 5 Live que entrevistou a atleta, diz que ela era notável dentro e fora da pistas. "Ela era muito engraçada e cheia de vida. Nunca tive conversas tão francas sobre a morte com alguém." Mas Oldroyd diz que essas conversas não foram deprimentes. "Ela havia aceitado que seu tempo seria mais curto que o de muitas pessoas, mas estava determinada a aproveitar ao máximo enquanto pudesse."

Fonte: Globo.com
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