A nave espacial criada para fotografar e filmar o Sol de perto


Com previsão de lançamento para 2020, a sonda Solar Orbiter, ou SolO, é equipada com poderoso escudo de titânio e sistema de radiadores para resistir a altíssimas temperaturas e possíveis efeitos de erupções solares. Satélite europeu já concluiu etapa de testes e está pronto para ir à Flórida, de onde será lançado Airbus/BBC A sonda europeia projetada para tirar as fotos mais próximas do Sol já feitas teve sua construção concluída e está pronta para o lançamento. A sonda Solar Orbiter, ou SolO, fará seu trabalho de dentro da órbita do planeta Mercúrio, o ponto mais próximo que ela chegará de nossa estrela. Com esta aproximação, os cientistas esperam que as observações obtidas os ajudem a entender melhor o que impulsiona a atividade do Sol. Estudo com participação brasileira muda o que se sabe sobre a idade da Lua Nasa anuncia duas novas missões para estudar o Sol E ela varia em rodadas de 11 anos, conhecidas como o ciclo solar. As rajadas de partículas - o chamado vento solar - têm a capacidade de danificar satélites, atrapalhar astronautas, interferir nas comunicações de rádio e até mesmo derrubar redes elétricas na Terra. Por isso, a empreitada fascinante do Solar Orbiter tem relevância direta para todos terráqueos. "Estamos fazendo isso não apenas para aumentar nosso conhecimento, mas também para sermos capazes de adotar precauções - por exemplo, colocando satélites em modo de segurança quando sabemos que grandes tempestades solares estão chegando ou impedindo que astronautas deixem a estação espacial neste cenário", explica Daniel Müller, cientista da Agência Espacial Europeia (Esa), que participa do projeto do SolO. Acoplada a foguete, SolO tem lançamento previsto para fevereiro de 2020 A sonda foi montada em Stevenage, Reino Unido, pela Airbus (a Grã-Bretanha investiu 220 milhões de euros no projeto de 1,5 bilhão de euros - respectivamente cerca de R$ 1 bilhão em R$ 6,8 bilhão). No ano passado, ela seguiu para testes nas instalações da empresa IABG em Ottobrunn, na Alemanha. A SolO cumpriu com sucesso suas checagens e agora embarcará para a Flórida (EUA), onde será acoplada ao foguete Atlas e lançada em direção ao Sol no início de fevereiro de 2020. A sonda foi concebida no final dos anos 90 com um contrato para ser produzida em 2012. Mas no meio do caminho surgiram vários obstáculos, como a necessidade de pesquisar tecnologias que pudessem proteger este satélite que chegará a até 43 milhões de quilômetros do Sol. Sonda foi montada no Reino Unido, testada na Alemanha e agora segue para os Estados Unidos, de onde será lançada ESA/BBC As temperaturas nessa proximidade chegam a 600º C. A ideia é que a SolO resista a essas condições protegida por um grande escudo de titânio e refrigerada por uma complexa série de radiadores. Também foram projetados sofisticados sistemas de recuperação de falhas para garantir que a SolO possa lidar com vários eventuais problemas. Nasa estima que próxima missão tripulada na Lua custará US$ 30 bi "Se houver qualquer desvio, rapidamente teremos problemas térmicos", explica Ian Walters, gerente de projetos da Airbus. "Nosso requisito é garantir a recuperação sob qualquer cenário de falha dentro de 50 segundos. Na verdade, estamos projetando-a para que volte ao normal em 22 segundos, tudo de forma autônoma." Mas a sonda ainda precisa capturar imagens da estrela e, para isso, terá instalados vários "olhos mágicos" em seu escudo. Eles serão abertos brevemente para permitir que os telescópios façam suas capturas, e depois fechados novamente. As fotos e vídeos enviadas à Terra terão uma resolução sem precedentes. Para capturar imagens e ao mesmo tempo sobreviver a exterior hostil, sonda terá 'olhos mágicos' especiais ESA - S. Corvaja/BBC "É incrível: a cada vez que conseguimos uma melhor resolução, vemos cada vez mais coisas", comemora Holly Gilbert, cientista representante da agência espacial americana na missão. "As interações entre o plasma do Sol (gás energético) e seu campo magnético são incrivelmente dinâmicas, não apenas em grandes escalas, mas também em escalas muito, muito pequenas." "Quando os campos magnéticos interagem no processo explosivo chamado de 'reconexão', isto ocorre em uma região muito pequena. Para saber como este processo leva às erupções, precisamos ver as pequenas coisas que estão acontecendo." Outro ineditismo desta missão em relação às anteriores é que a sonda poderá tirar as primeiras imagens aproximadas das regiões polares de nossa estrela. Sabe-se que as latitudes mais altas do Sol são lugares cruciais para o comportamento magnético e a geração dos ventos solares mais velozes. "Nunca vimos os polos solares diretamente porque, da Terra, o que conseguimos ver não é muito nítido", explica Frédéric Auchère, pesquisador da missão que representa o Institut d'Astrophysique Spatiale, da França. "Mas essas regiões são muito importantes porque são fontes de ventos solares muito rápidos. Também sabemos que coisas acontecendo nos polos podem ser a chave para entender a atividade solar e o ciclo solar." A SolO sucede a sonda Parker Solar Probe, lançada no ano passado. As duas têm os mesmos objetivos científicos e compartilham até tipos de instrumentos — embora apenas a SolO vá "olhar" diretamente para o Sol. A Parker não pode fazer isso porque está se aventurando ainda mais perto da estrela, a apenas 6 milhões de quilômetros de distância no ponto mais próximo. Mas os cientistas acreditam que esta dupla, quando na posição correta, formará uma equipe poderosa na observação de processos originados no Sol e depois propagados para fora. "Há tantas maneiras de combinar essas naves espaciais para praticar uma ciência incrível. A primeira oportunidade séria virá em setembro do próximo ano", disse à BBC News Tim Horbury, do Imperial College de Londres.

Fonte: Globo.com
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