Dez filmes para celebrar a convivência entre as gerações
No cinema, exemplos de jovens que precisam de mentores maduros que têm um legado a compartilhar. Já escrevi uma coluna sobre filmes sobre o envelhecimento, desde aqueles com uma abordagem leve até alguns bem sombrios. Para quem está curtindo as férias, pensei numa outra lista baseada num tema que este blog também preza muito: a intergeracionalidade. A riqueza da convivência entre as gerações amplia o repertório dos jovens, que precisam de mentores, e alimenta quem vive a maturidade e assim pode compartilhar seu legado. Escolhi dez representantes desse nicho. Desta vez não usarei a ordem alfabética porque começo com um filme que, na verdade, são nove: a saga “Star Wars”. A não ser para os que cultuam as três trilogias, pode dar uma certa preguiça rever tudo, por isso comecemos pelo último: em “A ascensão Skywalker”, o treinamento final de Rey (Daisy Ridley), a protagonista que encarnará toda a força jedi, é feito pela princesa Leia (Carrie Fisher), comandante da Resistência. Trailer final de 'Star Wars: A Ascensão Skywalker' A importância da relação entre gerações, para que os jovens absorvam a experiência dos mais velhos, é uma tônica dessas produções que encantam as plateias desde 1977. Vale a pena iniciar os que não conhecem os poderes de Yoda, Obi-Wan Kenobi e Qui-Gon Jinn. “Encontros e desencontros”, com Bill Murray e uma Scarlett Johansson Divulgação Sigamos, agora em ordem alfabética, com “Encontros e desencontros” (“Lost in translation”), com Bill Murray e uma Scarlett Johansson mal saída da adolescência. O filme é de 2003, tem direção de Sofia Coppola e uma trilha sonora imperdível. Bill é Bob Harris, um ator de meia-idade decadente que está em Tóquio para sessões fotográficas publicitárias. Sua melancolia encontra eco na angústia de Charlotte, personagem de Scarlett que acompanha o marido e não sabe o que fazer da vida. A sintonia entre ambos vai tirá-los do entorpecimento. “Ensina-me a viver” (“Harold and Maude”) é um clássico que foi fracasso de crítica e bilheteria em seu lançamento, em 1971. Afinal, o enredo mostra o relacionamento de um jovem (Bud Cort), que simula com frequência sua morte, com uma mulher de 79 anos (Ruth Gordon) cujo prazer pela vida é contagiante. Filme Ensina-me a Viver, de 1971 Divulgação Embora não tenha estourado, “Estrelas de cinema nunca morrem” (“Film stars don´t die in Liverpool”) é uma produção de 2018 baseada nas memórias do ator Peter Turner, que viveu um romance com a atriz Gloria Grahame, interpretada por Annette Bening, 29 anos mais velha. A trama recria os motivos que fizeram o casal se aproximar. Em “Gran Torino”, protagonizado e dirigido pelo incansável Clint Eastwood, este é Walt Kowalski, um veterano da Guerra da Coreia. Misantropo, rabugento e xenófobo, inicia uma improvável amizade com o adolescente asiático que é obrigado por uma gangue a roubar seu carro e será um modelo para o garoto. Um dos meus preferidos é “Pequena Miss Sunshine” (“Little Miss Sunshine”), produção de 2006 que mantém seu frescor. A família Hoover é totalmente disfuncional, mas se mobiliza para levar a desajeitada Olive (Abigail Breslin) a um concurso para meninas pré-adolescentes. Quem a treina é o avô, interpretado por Alan Arkin, que levou o Oscar de melhor coadjuvante pelo papel do idoso expulso da casa de repouso por usar heroína. “Visage Village”, que reúne a cineasta Agnès Varda e o fotógrafo e muralista JR. Divulgação “Perfume de mulher” rendeu um Oscar e um Globo de Ouro de melhor ator a Al Pacino, por sua atuação como o irascível tenente-coronel Frank Slade. Cego e amargurado, ele se transformará num mentor para Charlie (Chris O´Donnell) durante um fim de semana cheio de emoções em Nova York. No entanto, não será apenas o jovem que aprenderá lições de vida durante esse curto período de convivência. “Sociedade dos poetas mortos” tem diversos méritos, entre eles o de lançar ao estrelato atores como Ethan Hawke, Robert Sean Leonard e Josh Charles. Mas, principalmente, mostra a força de um educador apaixonado, o professor John Keating (Robin Williams), que confronta as normas conservadoras da escola onde ensina e estimula o pensamento crítico e a criatividade dos alunos – aqueles rapazes nunca mais serão os mesmos. Confira o trailer do filme 'Sociedade dos Poetas Mortos' Carl, um idoso ranzinza e recluso, e Russell, um gordinho escoteiro focado em realizar boas ações: este é o par improvável de “Up”, desenho animado de 2009 e vencedor do Oscar de melhor animação. Por trás das aventuras que enfrentarão juntos está o valor de uma amizade. Fechando a lista, uma joia: “Visage Village”, de 2018, que reúne a cineasta Agnès Varda e o fotógrafo e muralista JR. O longa apresenta a viagem da dupla pelo interior da França, retratando os habitantes de cidadezinhas e a amizade que construíram ao longo da jornada. Varda dirigiu o filme e morreu em março de 2019, aos 90 anos
Fonte: Globo.com
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