Hong Kong: casos de depressão e stress pós-traumático aumentaram desde o início das manifestações


Desde o início das manifestantes na ex-colônia britânica, que começaram em junho de 2019, cerca de um terço de adultos do país sofrem de problemas ligados ao stress pós-traumático. É o que mostra um estudo publicado na sexta-feira (10) na revista científica The Lancet. Manifestantes detidos pela polícia em Hong Kong, em 1º de dezembro de 2019 Navesh Chitrakar/Reuters De acordo com a pesquisa, entre setembro e novembro de 2019, cerca de 2 milhões de pessoas maiores de 18 anos apresentaram sintomas da doença após o início da mobilização pela democracia e contra a ingerência chinesa. O número de habitantes com a síndrome, explicam os autores do estudo, é comparável ao de populações vítimas de atentados terroristas ou de uma catástrofe natural, por exemplo. A pesquisa é a maior do mundo sobre o impacto de movimentos sociais na saúde mental dos habitantes, segundo os autores. Cerca de 18 mil pessoas foram interrogadas e responderam um formulário específico. Os especialistas também identificaram uma alta dos casos de depressão, que atinge 11,2% dos participantes. Este número pode ser ainda mais elevado se os menores forem levados em conta. Cerca de 15% dos detidos tinham menos de 18 anos, segundo as autoridades. Os resultados, divulgados na sexta-feira (10), não permitem estabelecer uma relação de causa-efeito direta entre os confrontos com a polícia e os sintomas observados. O estudo analisou de maneira estatística os últimos dez anos, comparando, através de uma linha do tempo, o número de casos de stress pós-traumático aos movimentos sociais. Um dado interessante é que as pessoas que consultam mais as redes sociais, utilizadas para promover, organizar ou documentar os protestos, apresentam mais sintomas da doença ou de depressão do que as outras que se conectam com menos frequência. Hong Kong vive há cerca de sete meses protestos quase diários, muitos deles violentos, que levaram à sua pior crise em décadas. Milhões de pessoas foram às ruas no centro financeiro semiautônomo para exigir mais liberdade democrática. Esses são considerados os maiores protestos desde a transferência do território do Reino Unido para a China, em 1997, após 156 anos de administração colonial britânica. Além do voto: fomação política Movimentos sociais e saúde mental Os resultados da pesquisa levam a crer que conflitos sociais influenciam a saúde mental independentemente de onde ocorram, acreditam os autores. “Estamos em um momento onde os movimentos sociais ganham força em todo o mundo, principalmente nas grandes cidades como Barcelona, Nova Délhi, Paris ou Santiago. A questão se tornou primordial para a saúde pública”, conclui Michael Ni, um dos co-diretores do estudo, da Universidade de Hong Kong. Cerca de 800 mil pessoas participam de manifestação pró-democracia em Hong Kong

Fonte: Globo.com
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