Pesquisadores da UFRN criam novo combustível diesel 'mais limpo'


Produto foi patenteado pela instituição no final de 2019. De acordo com participantes, fórmula tem eficiência similar, com ganho na 'lubricidade e emissões'. Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Igor Jácome/G1 Um novo combustível, com emissões mais limpas quando comparado com o diesel mineral, vendido atualmente nos postos de combustíveis, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). De acordo com a instituição, o processo de formulação, que foi patenteado, exige um curto tempo de preparação e utiliza materiais de baixo custo. Com o título de Formulação de Combustíveis Microemulsionados a Base de Diesel Glicerina, o estudo gerou a 21º carta-patente da UFRN, em dezembro de 2019. Um dos cientistas responsáveis pela descoberta, Igor Micael Alves Uchoa, explica que as atrações da nova fórmula são a eficiência similar, com ganho na lubricidade e das emissões. De acordo com ele, a fórmula conta com a inserção de glicerina, fruto de resíduo do atual processo de formulação usado pela indústria. "Em linhas gerais, ao parar em um posto de combustível, um ônibus ou caminhão, por exemplo, abastece com um combustível que é formado por 90% de diesel mineral e 10% do biodiesel. O biodiesel, no seu processo de produção, após a reação entre um óleo ou uma gordura de origem vegetal ou animal, gera o biodiesel em si e a glicerina, normalmente também em uma proporção de 90% e 10%. Então, com a nossa formulação, há uma destinação para esse resíduo, pois devolvemos a glicerina para ser aproveitada, sem descarte”, explicou Igor Uchoa, que desenvolveu a pesquisa durante o Mestrado em Engenharia Química na UFRN e que recentemente concluiu o doutorado no mesmo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. Atualmente lecionando no Instituto Federal da Bahia, ele pontuou que o mercado já não consegue absorver essa glicerina fruto do processo, apesar de aplicação na indústria de cosméticos e alimentícia. Para ele, a pesquisa se encaixa justamente em dois pontos: dar um destino à glicerina e melhorar o díesel. O pesquisador acrescentou que as indústrias automobilísticas e distribuidoras de combustível são potencialmente interessados neste processo, porque, de acordo com a nova legislação, até 2023, o percentual de biodiesel no diesel terá incremento de 50% em relação aos números atuais. Em função dos resultados promissores da nova tecnologia, o diretor da Agência de Inovação (AGIR) da UFRN, Daniel Pontes, pontuou que a equipe da unidade buscará transformar a tecnologia em produto rentável, disponibilizando-o para uso e benefício da sociedade, através do investimento da iniciativa privada. A cientista Tereza Neuma de Castro, uma das participantes da pesquisa aponta algumas dificuldades. “Patentear um processo ou produto tem importância para garantir os direitos de quem os desenvolveu e, assim, garantir os méritos e direitos sobre o trabalho. Porém, o mais importante e gratificante seria repassar os conhecimentos para o setor produtivo e fazer com que a invenção se torne útil a sociedade. Mas essa etapa não tem sido fácil, pois as empresas dificultam muito essa aquisição e assim, as patentes ficam estocadas aguardando oportunidades”, disse. A pesquisa foi desenvolvida por Tereza Neuma de Castro Dantas, Manoel Reginaldo Fernandes, Eduardo Lins de Barros Neto, Igor Micael Alves Uchoa e Afonso Avelino Dantas Neto.

Fonte: Globo.com
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