Idosos que vivem em instituições estão em situação mais vulnerável


A grande maioria apresenta comorbidades em estágio avançado Nessa pandemia do novo coronavírus, uma das maiores preocupações dos médicos geriatras é a situação de vulnerabilidade de idosos que vivem em instituições de longa permanência, as ILPIs. A médica Ana Cristina Canêdo, que integra o Núcleo de Atenção ao Idoso da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e é presidente da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) seção Rio de Janeiro, afirma que o risco é enorme. “Frequentemente são idosos frágeis, com comorbidades em estágio avançado, que passam muito tempo em ambientes fechados e com outros indivíduos igualmente vulneráveis”. Como ajudar idosos durante a pandemia do coronavírus? Coronavírus: como evitar a transmissão em instituições para idosos A médica Ana Cristina Canêdo, que integra o Núcleo de Atenção ao Idoso da Uerj e é presidente da SBGG seção Rio de Janeiro Acervo pessoal Em tese, todas as ILPIs deveriam montar planos de ação e de vigilância com o objetivo de evitar o surgimento da doença no local. Isso inclui treinamento do pessoal, reforço dos protocolos de higiene e o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), como gorros, máscaras e luvas. “O problema é que as ILPIs no Brasil representam um universo bastante heterogêneo, com grande disparidade em termos de de infra-estrutura, organização e recursos humanos”, reconhece a médica. Como regra geral, todos os funcionários deveriam medir sua temperatura antes de iniciar jornada, afastando-se do trabalho no caso de apresentar sintomas. Os residentes também têm que ter temperatura medida de manhã e à noite e, no caso de apresentarem sintomas, devem ficar isolados, idealmente com banheiro próprio e precaução de contato. Um time multidisciplinar de geriatras ligados à USP (Universidade de São Paulo) e UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) criou um roteiro, que inclui slides para auxiliar essas instituições, que é composto de cinco etapas. São elas: preparação dos profissionais; comunicação aos idosos residentes, para que esses tenham um sentimento de proteção e cuidado, evitando o pânico; compra de insumos; comunicação aos familiares, para não criar revolta diante de eventuais medidas restritivas de acesso aos pacientes; comunicação à sociedade, de órgãos regulatórios a apoiadores financeiros. O que não podemos deixar acontecer é o que vem ocorrendo na Espanha, país duramente afetado pelo vírus: lá, militares que foram convocados para desinfetar casas de repouso encontraram idosos abandonados e, em alguns casos, mortos em suas camas. Como afirmou em nota a Congregação da Faculdade de Saúde Pública da USP sobre a evolução da pandemia de Covid-19 no Brasil: “a situação dos idosos merece particular atenção. A banalização da ideia da prescindibilidade de suas vidas no discurso político constitui afronta inadmissível à dignidade humana. A subsistência dos idosos deve merecer políticas específicas, pautadas por preceitos éticos”.

Fonte: Globo.com
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