Ministro diz que voluntários usaram substâncias tóxicas para tirar óleo da pele e descarta situação crítica
Mandetta pediu que população evite contato direto e indireto com o petróleo cru, mas atribuiu problemas de saúde às soluções para retirar o óleo da pele. Luiz Henrique Mandetta falou sobre os riscos do óleo para a saúde em evento nesta quinta (24) Antonio Cruz/Agência Brasil O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse nesta quinta-feira (24) que pessoas intoxicadas durante o trabalho de limpeza do óleo em praias do Nordeste usaram produtos tóxicos para limpar o petróleo cru que grudou na pele. (...) A gente tem visto as pessoas procurarem unidades de saúde, mas eles informam que retiraram aquele óleo que gruda com benzina, com gasolina, com querosene, colocaram substâncias ainda mais abrasivas, mais tóxicas do que a própria substância” - Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde Apesar de o ministro ter relacionado a falta de conhecimento dos voluntários sobre como lidar com o petróleo e ter negado a necessidade alerta, a Marinha do Brasil citou o próprio Ministério da Saúde para alertar para os riscos do contato com o óleo que já atinge 233 localidades no Nordeste. A orientação é para que a população não manipule a substância e que evite até mesmo o contato com a água do mar e a areia de locais afetados. Tuite da Marinha do Brasil com recomendações do Ministério da Saúde Reprodução/Twitter Queimação na pele, náusea e cólica: voluntários que procuraram médicos relatam intoxicação após contato com óleo Petróleo tem benzeno, tolueno e xileno que trazem riscos graves à saúde, diz especialista Perguntado sobre a atuação do ministério frente ao problema, o ministro da Saúde afirma que a situação não é crítica. Ele comparou o desastre do derramamento de óleo com a tragédia de Mariana, e afirmou que o rompimento da barragem foi uma situação "muito mais complexa". Questionado se seria necessário isolar as praias afetadas, Luiz Henrique Mandetta descartou a necessidade. "Não, porque a toxicidade é insignificante, é mínima. Na composição, o que seria [mais tóxico] é o benzeno, mas é mínimo" - Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde Durante evento em Brasília nesta quinta-feira (24), Mandetta destacou o uso de substâncias abrasivas para a retirada do óleo e disse que pessoas na "ânsia de ajudar" manipulam o óleo sem equipamentos de proteção. “Aí é claro que a pessoa vai ter irritação na pele, ela vai ter coceira, alergia. Pode ter inalação, porque o contato (é) intensivo, se embrenhar com aquilo dali, então a gente não recomenda que isso seja feito assim”, disse o ministro. Voluntários recolheram óleo no mar, na praia do Janga, em Paulista, no Grande Recife, nesta quarta-feira (23) Marlon Costa/Pernambuco Press Para Mandetta, as pessoas devem evitar o uso de produtos tóxicos na limpeza da pele em caso de contato. "A gente orienta que seja feita a limpeza apenas com óleo de cozinha, que não é tóxico. Porque a gente vê pessoas tirando o óleo da pele com gasolina e outras substâncias ainda mais abrasivas. Quando entrar em contato, [o ideal é] retirar com óleo e sabão, fricção mecânica e usar óleo de cozinha", disse o ministro da Saúde. Lista de praias atingidas pelas manchas de óleo no Nordeste Tudo sobre o desastre ambiental do petróleo nas praias Casos de intoxicação Pelo menos 17 voluntários que entraram em contato com o óleo foram admitidos em um hospital no Litoral Sul de Pernambuco com sintomas como enjoo, vômito e erupções na pele. Para especialistas ouvidos pelo G1, até o contato com a água do mar nas regiões afetadas é desaconselhado e perigoso porque luvas e botas não protegem todo o corpo e é inevitável o contato da água contaminada com a pele. Nesta quarta-feira (23) o Conselho Regional de Química de Pernambuco alertou que o contato com as manchas de óleo, mesmo indireto, traz riscos à saúde e pode até mesmo causar câncer. Nesta quinta-feira (24), a Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH) começou a coletar a água do mar em praias atingidas. As amostras serão analisadas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “A capacidade tóxica [da substância], a gente sabe que existe. A gente precisa saber é se essa concentração [existente na água] oferece risco”, afirmou a professora do Departamento de Oceanografia da UFPE, Eliete Zanard Lamarto. Initial plugin text
Fonte: Globo.com
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