O telescópio capaz de ver coisas que ocorreram há 13 bilhões de anos
Cientistas afirmam que o Telescópio Espacial James Webb vai nos permitir olhar para o passado, para centenas de milhões de anos após o Big Bang. Telescópio espacial consegue olhar para o ponto mais remoto do passado. Getty Images/BBC Este observatório espacial é capaz de olhar para o ponto mais remoto do passado. O Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês), uma missão internacional das agências espaciais dos EUA (Nasa), Europa (ESA) e Canadá (CSA), está sendo construído há vários anos, a um custo bilhões de dólares acima do orçamento. A previsão é que seja lançado em 2021 e fique posicionado a mais de um milhão de quilômetros da Terra. De acordo com cientistas, ele será capaz de detectar qualquer galáxia no universo. Cientistas identificam 'berçário de estrelas' na Via Láctea Teoria da relatividade: como eclipse solar no Ceará há 100 anos transformou Einstein em celebridade mundial Mas uma peça chave do JWST é um instrumento construído por uma equipe de astrônomos e engenheiros de Edimburgo, na Escócia. Trata-se do Miri (instrumento infravermelho médio), uma ferramenta projetada para medir a faixa de comprimento de onda de radiação infravermelha média. O Miri, um dos quatro principais detectores do JWST, vai nos permitir olhar para o passado, para centenas de milhões de anos após o Big Bang, que teria ocorrido há mais de 13,5 bilhões de anos. Como pode ver o passado? A capacidade de olhar para trás no tempo é baseada no fato de que até mesmo a luz tem um limite de velocidade. Ela percorre cerca de 300 mil quilômetros por segundo, o que significa que a luz do Sol leva mais de oito minutos para chegar à Terra. Assim, devido ao tempo necessário para viajar pelo espaço, quanto mais distante um objeto estiver, mais longe vemos no tempo. A imagem de uma estrela que está a um bilhão de anos-luz de distância, por exemplo, leva um bilhão de anos para chegar até nós. E quando vemos essa estrela, o que estamos vendo é como ela era há um bilhão de anos. Engenheiros de controle de contaminação inspecionam o MIRI na Nasa JWST/BBC O telescópio James Webb é perfeito para estudar mundos e planetas distantes que orbitam outros sóis — conhecidos como exoplanetas, porque existem fora do nosso sistema solar. A existência do primeiro exoplaneta foi confirmada em 1995. E hoje sabemos que há mais de 4 mil deles. O Miri vai permitir que os astrônomos observem eles com mais detalhes, incluindo suas atmosferas em busca de sinais de vida extraterrestre. Como funciona? Assim como todos os telescópios espaciais, o JWST começa com uma vantagem sobre seus equivalentes em terra. Não há atmosfera para distorcer nossa visão — portanto, as estrelas não brilham no espaço. Todos os instrumentos do JWST têm visão infravermelha, o que permite enxergar através da poeira interestelar que bloqueia a luz. Além disso, a luz que viaja de uma estrela distante se distorce no trajeto até nós. Seu comprimento de onda se torna mais longo, o que significa que a luz que estava na faixa visível para os seres humanos é deslocada para o infravermelho do espectro eletromagnético. Este é um efeito chamado "desvio para o vermelho" e significa que se você quiser observar pontos mais remotos do passado, deve olhar para objetos que parecem invisíveis para nós. No entanto, esses objetos "invisíveis" não são invisíveis para o telescópio James Webb. Três de seus detectores estão sintonizados no infravermelho próximo. Como o termo sugere, logo depois do vermelho que podemos ver no espectro eletromagnético. Mas o quarto detector, o Miri, é capaz de olhar mais profundamente, no infravermelho médio. O que significa que você será capaz de observar muito mais longe e pontos muito mais remotos. O professor Alistair Glasse, principal cientista do Miri, explicou como o detector funciona. "Ele pode ver as cores dos objetos, por exemplo, que estão aproximadamente à temperatura ambiente", diz. "Isso se torna particularmente interessante se você deseja estudar planetas orbitando outras estrelas". E o mais fascinante é que o Miri será capaz de ver quase o início do universo. "Acreditamos que as primeiras estrelas que se formaram eram muito grandes e deram início à cadeia de produção dos elementos e das estrelas que vemos ao nosso redor", afirma Gillian Wright, principal pesquisadora europeia do Miri. "Não sabemos muito sobre [esta era]. Sabemos como era a estrutura do universo logo após o Big Bang, e sabemos pelo (telescópio) Hubble e por outras missões, como as galáxias são agora ou em épocas posteriores." "Mas e a pequena porção do meio? Como as primeiras se formaram? Não sabemos muito sobre essa época." Um espelho maior que o do Hubble O JWST é, literalmente, um grande empreendimento. É do tamanho de uma quadra de tênis, e seu espelho de 6,5 metros é várias vezes maior que o do Hubble. Em sua configuração funcional, é grande demais para qualquer foguete, portanto precisará ser dobrado em 18 painéis hexagonais que serão abertos no espaço. O JWST também possui um enorme aparato de proteção solar, desenvolvido para manter a temperatura apenas alguns graus acima do zero absoluto. É composto por cinco camadas delicadas, finas como uma película de plástico-filme, que deverão ser esticadas no espaço. O JWST está sendo exaustivamente testado aqui na Terra, uma vez que será enviado para onde ninguém poderá consertá-lo. Ele vai orbitar o ponto L2, a cerca de um milhão de quilômetros do nosso planeta — um ponto no espaço em que a força gravitacional do Sol e da Terra está em equilíbrio, o que permitirá que o telescópio permaneça a uma distância quase constante. A missão, prevista para 2021, deve durar menos de seis anos. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal! https://www.youtube.com/watch?v=XFSHc8CLXs8 https://www.youtube.com/watch?v=ambANBIHjCI https://www.youtube.com/watch?v=34azdCdS5fg
Fonte: Globo.com
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